Não me recordo, exatamente, de quando adotei um perfil na rede social virtual Facebook, mas uma de minhas primeiras atitudes tomadas neste início de 2017 foi a de afastamento. Sem rancores ou mágoas, mas com muita disposição para ocupar meu tempo com amigos “de carne e osso”, decidi “dar um tempo” em certas relações virtuais. Aliás, que relações são essas? Me espanto ao perceber que ao longo dos últimos anos amealhei mais de 1.000 “amigos” no Facebook, mas, ao mesmo tempo, fico pensando naqueles que realmente contam. Sim, caros leitores, porque não há nada mais constrangedor do que receber poucos parabéns (em relação ao número de amigos) pelo dia de aniversário ou parabenizar formalmente (e, por que não dizer, burocraticamente?) alguém de quem não se sabe (quase) nada, a não ser que você o aceitou como “amigo” em um tempo já esquecido. Além desses imbróglios, verifico que há pessoas de todo o tipo no “Face”: os que nem sequer assistiram a um filme, mas informam que irão vê-lo e, quem sabe, o comentarão (para que serve esse tipo de informação, mesmo?); há os que não conseguem manter uma boa conversa “ao vivo e em cores”, mas são tão falantes na rede social (deve ser por que no “Face” não há diálogos, apenas monólogos intermináveis e irritantes); os que destilam sua raiva contra o mundo, esquecendo-se (propositalmente?) de fazer autocrítica. Não estou aqui a criticar esses e outros tipos, mas a constatar que não quero mais fazer parte de um “lugar” onde não me sinto, de fato, em contato com meus amigos. Sei que vivemos em um tempo onde o tempo é escasso e nem sempre vemos quem desejamos ver com a frequência que gostaríamos. Estou cansado, porém, de “puxar conversa” e não ser respondido, de “dar parabéns” de forma burocrática, de verificar que aquela pessoa que nunca te responde está sempre “curtindo” posts e fazendo comentários de outros. Creio que uma das lições para 2017 seja gostar mais de mim e isso significa querer por perto somente quem realmente me quer por perto e, de fato, dialogar comigo. Renuncio, assim, a toda relação vazia, construída de forma enviesada e sem encanto. Quero voltar a conversar, sem tentar convencer ninguém de que somente eu estou certo e o resto do mundo totalmente errado! Quero poder dizer a alguém que o/ a amo e que esse amor é incondicional e que eu não vou deixar de amá-lo/ la apenas porque pensamos de maneira diferente. Nem tudo no Facebook, porém, foi tempo perdido (“temos nosso próprio tempo”) para mim. Realizei projetos que considero muito interessantes ao longo dos últimos anos e os guardarei com carinho na memória. Três deles merecem menção especial: “Marcas do que se foi” (ao longo de 2015), “Diários sem motocicleta” (primeiros meses de 2016) e “366 filmes” (ao longo de todo o ano passado). O “Marcas do que se foi” reuniu antigas e novas fotografias de minha família, o que me possibilitou a aproximação com parentes que não via há tempos. “Diários sem motocicleta” registrou minha passagem pela Europa no início do ano passado, em que pude reviver cotidianamente momentos preciosos de aprendizagem. “366 filmes”, por sua vez, ajudou-me a recuperar a criança/ o adolescente que gostava tanto de Cinema e que ainda vive dentro de mim! Sei que muitos dos que acompanharam os projetos lamentaram minha saída repentina do Facebook. Informo, contudo, que não pretendo bloquear ou deletar meu perfil, já que ali há uma história que eu considero bonita e que vale a pena ser preservada. Saí feliz por jamais ter atacado a honra de quem quer que fosse, por não ter utilizado palavrões para me referir a pessoas e situações e, ainda, por usar o espaço virtual para transmitir mensagens positivas e propositivas. Sensação de “dever cumprido”, creio que seja o momento de explorar outros espaços, percorrer novas sendas. Adeus, Facebook! Bem-vindo à vida real (eu disse real?), Giovani!