Quase um mês sem escrever para a coluna e fiquei me perguntando o porquê! O fato é que me encontro solitário e creio lidar mal, muito mal, ainda, com a solidão e seus efeitos devastadores sobre mim. Sim, caros leitores, este colunista que escreve com (alguma) regularidade para O Pantaneiro sofre de solidão! Pior do que estar sozinho, fisicamente falando, é pensar o quanto já estive ou me senti só ao lado de pessoas a quem amei e que não souberam (ou não quiseram, enfim) retribuir semelhante sentimento. Experimentei no mês de janeiro em que vivi em Assunção, Paraguai, dias felizes ao lado de amigos, parentes e até de minha mãe que foi me visitar. Por outro lado, houve dias de angústia, depois de acreditar que a flor de um novo amor nasceria, verificando que se tratava apenas de (mais) um engano. Autoengano? Quantas vezes quis acreditar que estava tudo bem, que vivia bem acompanhado, que só pelo fato de haver mais alguém dentro de casa eu não estava só? Quanta mentira, Giovani! Não tenho remédio ou lição para ninguém: sinto que viver sozinho é amargo e pior do que não ter ninguém é imaginar que se tem. “Eu não te amo!”, “Eu te amo, mas não suporto ficar ao seu lado!”, “Que tipo de idiota é você, que acredita em qualquer coisa que alguém te fala?”. Já ouvi essas e outras frases e, como diz a canção de Lulu Santos, já não tenho dedos pra contar de quantos barrancos despenquei, de quantas pedras me atiraram ou de quantas janelas me atirei. Há dias em que desejo me conformar com o fato de não haver alguém ao meu lado, para rir, chorar, conversar, fazer amor ou simplesmente estar por perto. Há outros em que tento disfarçar o incômodo, tentando ver o lado bom de não ter ninguém para me criticar, me acusar, me fazer parecer pior do que sou... (Mas, que raio de amor é esse que critica, acusa e provoca baixa autoestima?). Por ora, vou vivendo a vida, imaginando me tornar um velhinho (ainda mais) rabugento e obrigado a me suportar. Esta talvez seja a lição ou a moral da história: sem amor próprio, como é possível dirigir-me ao outro e buscar nele o que ainda me falta? Os dias encalorados em Assunção me trouxeram valiosos ensinamentos e a certeza de que preciso aprender a ser só e, ao mesmo tempo, preciso aprender a só ser. Não ser o melhor, mas ser melhor do que fui ontem, anteontem, ano passado, no século passado quando nasci. Perder a vergonha e o orgulho e pedir perdão quando necessário, perdoar-me e perdoar aos que, em algum momento, me desamaram. Não há desamor maior, contudo, do que aquele que sentimos por nós mesmos. Sou capaz de me amar? Amar ao Giovani, com seus defeitos e qualidades, com suas esquisitices e carências? Não preciso me “suportar” se conseguir enxergar em mim um ser humano que abriga dentro de si o menino que já fui um dia, recuperando a alegria e a irreverência dos tempos de infância. Tornei-me um adulto muito sisudo, muito sério, que leva a vida a sério demais. Precisa ser assim? Creio que não! A solidão não tem nada de poética e por isso, talvez, o texto da semana esteja tão “duro”. Onde encontrar um grande amor? Espero, sinceramente, que eu possa descobri-lo primeiramente dentro de mim, em meu cotidiano, nas atitudes que tomo ou deixo de tomar em relação ao corpo, à mente e ao espírito. Por falar em espírito, tenho rezado aos meus ancestrais, não para pedir algo, mas para agradecer por tudo, absolutamente tudo o que acontece/ aconteceu em minha vida. Afinal, quando se está só e se descobre ser uma boa companhia a si mesmo, o que ainda está por acontecer pode ser o que de melhor a vida tem a nos oferecer! Que venham dias melhores e que se vá a solidão!