Calendário lunar, solar, egípcio, hebraico, juliano, gregoriano, calendários místicos, calendários, lendários, tempos imaginários, dados científicos autoritários, momentos, tempos, ventos, sentimentos....
 
Cronometragem do dia, desfrutar a alegria de preencher a rede vazia, jogar o corpo cansado, embalar o desejo, o cochilo, ajeitar-se harmonizando o ambiente e anatomia.
 
Adequar a vida ao ano, consultar o calendário, fazer planos, submeter-se as regras, fazer tabelas, prestar contas, submissão aos horários: hora pra deitar, hora pra levantar, hora pra banho tomar, hora pra trepar, hora pra pagar,hora pra trabalhar, hora pra justificar....
 
Nonsense é a agonia do tempo, para o amanhã não há garantias, amarguras carimbam almas vazias.
 
A opção do silêncio, assistir a banalização cruel da humanidade que refuta atemporalidades culturais, amparando-se em esperanças atávicas do tempo sem tempo do tempo recuperar, o retrovisor registra calendários inúteis deixados a mercê do tempo para o tempo malograr
 
Seguir em frente, como o rio que passa na cidade da gente, “há tanto amor para amar que a gente nem sabe” e a gente só quer cuidar da cidade e do rio que nela passa, bem como do rio que passa dentro da gente, quando a enchente avassaladora desabriga, de repente, leva tudo, atropela o quintal, a casa, a alma da gente, arranca os pertences, os sentimentos, a ordem vigente
 
O planejamento de um calendário estabelecido, não registra a voracidade da natureza, não confere certezas, não prevê sonhos conduzidos num barco de papel, não fornece controle remoto para que os azuis celestiais possamos alterar
 
O calendário que marca o ano, que marcam os dias, que superfatura o tempo, ignora os sofrimentos, os desenganos
 
Seja qual for o calendário, em que se comemore ou não um aniversário, com referências históricas de homens legendários, quando estamos juntos ou solitários, o tempo nos é imposto, com vontades próprias ou a contragosto!


Raquel Anderson