Pressupõe-se que um administrador seja alguém que: a) dirige as atividades de outras pessoas e b) assume a responsabilidade de atingir determinados objetivos por meio da soma de esforços. Segundo essa definição, uma administração bem sucedida parece apoiar-se em três habilitações básicas, que chamaremos de técnica, humana e conceitual. Estaríamos fugindo à realidade se afirmássemos que tais aptidões não estão interligadas, porém, vale a pena examinar e desenvolver cada uma delas em separado.

Da forma como é tratada aqui, a aptidão técnica subentende compreensão e proficiência num determinado tipo de atividade, especialmente naquela que envolva métodos, processos e procedimentos ou técnicas. É até certo ponto fácil visualizar-se a habilidade técnica de um cirurgião, de um músico, de um contador ou de um engenheiro no momento em que cada um deles desempenha sua função específica. A habilitação técnica compreende conhecimento especializado, aptidão analítica dentro da especialidade e facilidade no uso dos instrumentos e técnicas de cada matéria.

Das três aptidões discutidas neste artigo, a técnica talvez seja a mais conhecida por será mais concreta e porque, n esta era de especialização, ela constitui a qualificação exigida de quase todas as pessoas. A maioria dos programas de treinamento vocacional ou prático procura desenvolver principalmente a habilitação técnica do indivíduo.

O termo habilitação humana é aquela qualidade de o executivo trabalhar eficientemente como integrante de um grupo e de realizar um esforço conjunto com os demais componentes da equipe que dirige. Enquanto a habilitação técnica se volta principalmente para o manuseio de "coisas" (processos ou objetos físicos), a habilitação humana diz respeito mais à habilidade de as pessoas trabalharem com os outros. Essa aptidão é demonstrada na maneira como o indivíduo se apercebe (e reconhece a percepção) de seus superiores, companheiros e subalternos e no modo como se comporta posteriormente.

A pessoa dotada de grande habilidade humana ao aceitar a existência de opiniões, percepções e convicções que são diferentes das suas próprias, é suficientemente hábil para compreender o que os outros realmente querem dizer com palavras e atos. É igualmente hábil em comunicar aos demais, dentro do modo de pensar dos outros, aquilo que pretende dizer com seu próprio modo de agir.

Da forma como empregamos aqui, o termo habilitação conceitual compreende a habilidade de considerar a empresa como um todo; inclui o reconhecimento de como as diversas funções numa organização dependem uma da outra e de que modo as mudanças em qualquer uma das partes afeta as demais.

Por exemplo, quando se faz uma modificação de monta na política de marketing, é essencial que os efeitos na produção, na administração, nas finanças, nas pesquisas e nas pessoas envolvidas sejam levadas em conta. Se todo executivo compreender o relacionamento geral e a importância da mudança, com quase toda certeza ele será mais eficiente em administrá-la.

Os administradores de todos os níveis precisam ter alguma competência nas três habilidades: técnica, humana e conceitual; e até mesmo administradores em níveis inferiores devem constantemente pô-las em prática.

A observação dessas aptidões no desempenho de executivos, é um meio de avaliar a competência dos mesmos, como também serve de diretriz para seleção, treinamento e promoção de administradores.

Referência Bibliográfica
KATZ, Robert L. As habilitações de um administrador eficiente. In: Coleção Harvard de Administração. São Paulo: Nova Cultural, 2002. p. 59-92.

*Carlos Frederico Corrêa da Costa é doutor em História Social e bacharel em Administração. Elaborou o projeto, implantou e coordenou o Curso de Bacharelado em Administração do Campus de Aquidauana/UFMS