Sgt Lídio De Souza Neto

Sangue e Água no Pantanal
“Onça Pintada, Tamanduá- Bandeira, Sucuri... Vítimas Mais Recentes”


A principal artéria rodoviária do Pantanal, a BR 262, corta a planície pantaneira ao meio, invadindo a privacidade da nossa fauna e flora pantaneira. Junto com o progresso e acessibilidade veio, também, ameaças a toda a biodiversidade da região, culminando com a mortandade em grande escala de animais silvestres, de onça pintada a pequenos répteis.

Como se não bastasse a caça de jacarés nas décadas de 80/90; que colocou toda a cadeia alimentar natural da região em risco, quase chegando ao ponto de estrangular essa cadeia por conta da caça dessa espécie, hoje o principal corredor do Pantanal , a BR 262, faz nos lembrar dessa seqüela quase irreversível deixada pelos “coureiros” nessas décadas.

O homem na ânsia do desenvolvimento, com seu espírito de ganância e ambição, atropela todos os conceitos de disciplina consciente e de harmonia com o meio ambiente, não dando conta de que somos nós que estamos invadindo o espaço no mundo animal e não eles que estão agindo dessa forma.

O Pantanal tem dois ciclos bem distintos: a seca (estiagem) e a chuvosa (cheias). Por ocasião da seca, a BR 262 arde em chamas, em quase toda sua extensão dentro do Pantanal (de Aquidauana a Corumbá), provocadas pela faltas de consciência dos transeuntes que trafegam por essa rodovia. Só para se ter uma idéia da vulnerabilidade desse ecossistema pantaneiro, uma bituca de cigarro jogada as margens da rodovia constitui em fator de morte para animais silvestres da região. Muitos morrem carbonizados, sufocados pela fumaça, outros por atropelamentos, tentando fugir do fogo. Já por ocasião das cheias na região pantaneira, parte do habitat dos animais silvestres, é alterada temporariamente, e eles (animais silvestres), sem alimentação migram para as partes mais altas em busca de alimentação e segurança para sua prole. Nesse caminho muitos morrem afogados e outros morrem por atropelamentos cruzando as rodovias, principalmente a BR 262. Aumentando ainda mais essa triste estatística.

Hoje, a principal artéria pantaneira, a BR 262, que liga o Oceano Atlântico ao Pacífico, estatisticamente falando, mata mais animais silvestres no Pantanal, do que em qualquer outra parte do mundo. Por si só, essa situação estarrecedora requer do poder público, como um todo, Governo e Sociedade, medidas urgentíssimas no tocante a investimentos acerca dessa questão que envergonha toda a população pantaneira, através de imagens que rodam o mundo, em plena era da globalização. A população local até faz a sua parte, os políticos é quem deixam a desejar. Falam se muito em transformar a BR 262, dentro do Pantanal, em corredor ecológico dotado de trilhas permanentes com passagens de seguranças sob as pontes de vazantes da BR 262, e até hoje nada se fez. Pura utopia pantaneira, aliás, politiqueira.

Enquanto o Poder Público continuar debruçado nas promessas evasivas, vendo todo ano a morte de animais silvestres se repetir, solicitamos aos motoristas, que trafegam pelo “corredor ecológico pantaneiro”, BR 262 e demais rodovias que cortam o Pantanal, que se levem algumas dicas importantes em considerações:

1-Cada animal retirado do seu habitat natural, afeta o equilíbrio ambiental. Não compre não venda animais silvestres, você pode ser responsabilizado criminalmente-Lei Fed. 9.605/98;

2-Se não houve como evitar um acidente, pare o veículo em local seguro e verifique se mo animal esta vivo. Se positivo, encaminhe-o a autoridade ambiental mais próxima para medidas cabíveis;

3-Cuidado com animais silvestres nas rodovias pantaneiras. Contribua para o equilíbrio ecológico, protegendo seu patrimônio (veículo), sua vida e a dos animais;

A preservação da nossa fauna pantaneira (animais silvestres) requer empenho de todos, principalmente dos governantes. Se alguém deixar de fazer a sua parte, vamos continuar ouvindo essa triste “marcha fúnebre” veiculada nos principais órgãos de imprensa;

“Sangue nas rodovias que corta o pantanal; caça proibida; morte de animais silvestres...
-BR 262, Km 675, vítima de atropelamento, onça pintada...
-BR 262, Km 680, atropelamento, vítima jaguatirica...
-BR 262, Km 497, atropelamento, vítima capivara...”

Para finalizar, eis uma pergunta que não se cansa de ouvir. Até quando isso vai continuar? Até quando o homem deixará de destruir a natureza?

“SEJA MAIS UM GUARDIÃO COLABORANDO COM O MEIO AMBIENTE”