*Por: Rosildo Barcellos
 
Durante esta semana, ao encaminhar mais algumas menores envolvidas em atos infracionais, pelo transporte de cloridrato de cocaína. Tive, mais uma vez, a oportunidade de, durante o caminho, indagar sobre suas motivações e seus anseios e se estavam cientes das consequências de seus atos. E para minha surpresa, as respostas são as mesmas que ouvira há duas décadas atrás, quando comecei nesta seara: a ausência dos pais. A desestruturação familiar, a falta do convívio à mesa de alimentação e, principalmente, o exaurimento da figura paterna são os pilares encontrados. Outrossim, sua grande maioria admite também ter utilizado substâncias ilegais como forma de arrojo para a prática de furtos de calçados, toca CD e celulares; além de roubos, propriamente ditos.
 
Por outro lado, já nas Uneis – unidades educacionais – uma pequena mudança ... os internos contam que, em sua grande parte, estão sendo criados por avós, esforçando a mudança de expectativa de vida que o país vive. A diferença foi a grande incidência de seus pais ou tios estarem seguros pelo sistema carcerário. Os avós, sim, evidentemente, são mãos amigas e cheias de carinho, talvez até com arrependimento da forma que criaram seus filhos, entretanto, pouco podem fazer ante a implacável sedução do poderio do narcotráfico que capilariza suas ações até chegar as portas das instituições de ensino, obtendo “bons resultados” nas escolas da periferia.
 
As famílias que têm posses também não estão livres desta ameaça. Quando ocupam uma posição "sem preparo", os filhos sucessores de pais e avós “com poder aquisitivo” em número razoável de constatações também não aprenderam a conquistar seu espaço e se manter nele porque já o recebem de presente. E isto não se limita a frequentar boas escolas. Antes de mandar há a imperiosidade necessidade de se aprender a obedecer, ter metas e objetivos para que a visão de vida seja ampliada. E enquanto isto não acontece o Brasil perde, porque em plena idade de força laborativa o jovem não produz e nem realiza o que deveria realizar. E quando retorna deste “sistema educacional”, volta ainda mais revoltado e ainda mais sem preparo.
 
Ademais, neste país aonde permeiam a distribuição de bolsas alimentação, auxílio reclusão, e aonde podemos sentir e perceber contrastes extremos; o uso de bebidas alcoólicas, a obesidade, o uso indiscriminado e equivocado da internet, o flagelo das drogas estará sempre em evidência, pois são as fugas mais corriqueiras e mais presentes porque estão a cada esquina. A civilidade, a fraternidade e o civismo são lições que devem ser aprendidas em casa. Se arrumarmos o nosso lar, a sociedade vai mudar em efeito cascata, e todos os grandes problemas que assolam o país irão desvanecer, até porque cada um estará cônscio de seu direito, mas inequivocamente de seu dever.
 
 
*Articulista