É comum pensarmos no automático. Nos dias de hoje a teoria Gestalt, de estímulo resposta é vivida exaustivamente. Estamos programados a obter respostas rápidas e imediatas. Somos imediatistas e perfeccionistas, pois a resposta tem que ser a pré determinada. Graças a era da informática é sempre possível ter uma expectativa de resposta rápida após o oferecimento do comando correto. Com isso, pensamos dominar todas as situações. Acreditamos com todas as nossas forças que sabemos tudo e se não soubermos, sempre haverá um equipamento que faz por nós. Isso não é exatamente uma inverdade. Para sobrevivência corporativa desde o nível operacional, realmente precisamos estar prontos para tudo.

Ser super profissionais, gerenciar diversas situações ao mesmo tempo com os mais diversos recursos tecnológicos. Mas nunca podemos esquecer que nada é maior que o poder de Deus.
Essa não é uma mensagem de evangelismo exatamente, mas de uma cristã que experimentou sair do que é programado, sair de seu estilo controlador e perfeccionista para viver uma experiência que mudou sua vida: a amamentação de seu filho.

Tenho um filho recém nascido, que já nasceu com quase 4 kg e com 48 cm. Nasceu antes da data estipulada para a cesárea, mas de 38 semanas. Eu fiz todos as leituras e cursos possíveis sobre ser mãe, sobre a gestação e desenvolvimento do bebê. Minha gravidez foi muito esperada, e tive o prazer de compartilhar a alegria com amigos e familiares, de modo que acho que ele terá presentes para utilizar até os 23 anos (caso fosse possível pelo tamanho). Porém, por uma coisa eu não esperava: eu não esperava não ter o controle da situação. Quando comentava minhas dificuldades e ansiedades durante a gestação, todos diziam isso é instinto, você aprende fazendo. Mas não é bem assim.

A partir do nascimento, no coração de uma nova mãe surgem inúmeras angústias relacionadas a capacidade ou não de cuidar do próprio filho e a maior delas vem a ser a amamentação. Apesar de todos o conhecimento que julgava ter eu não estava preparada. Passei por engurgitamento (uma espécie de empedramento do leite na mama, a partir da descida do leite, depois do colostro) , fissuras (ruptura da mama por conta das “mordidas” do bebê), ameaça de mastite e claro passei por uma angústia tremenda. Afinal se sentir incapaz de fazer o que tem que ser feito é o fim nos dias atuais. A sensação de total incompetência engessa e imobiliza. Ver seu filho sofrendo também é uma das sensações mais difíceis que presenciei.

O que me fez prosseguir na amamentação materna foi o apoio que tive de diversos profissionais que foram instrumentos de Deus na minha vida. Aprendi desde segurar meu filho, levantar da cadeira com ele no colo, posicionar os ombros, braços e pernas. Mas aprendi mais, aprendi no banco de leite o quanto se luta pela vida ao ver crianças que nasceram com 400 g de peso total. Aprendi que toda mãe supera dores que provavelmente seriam insuperáveis, se não fosse pelo seu filho. Aprendi que posso me esquecer de horários e datas, mas nunca me esqueço de olhar para meu filho. Aprendi muitas técnicas e tive apoio da minha família para desenvolvê-las. Aprendi que o perfeccionismo e forma racional com que via as coisas muitas vezes me levou a caminhos que apenas machucavam a mim. Aprendi que um ser tão pequeno, pode mudar toda uma vida de 26 anos com seu choro ou sorriso. Acima de tudo, descobri que ser mãe é rever tudo que você é para cuidar de uma nova vida.

Com esse texto, gostaria de abrir um caminho para discussão, de dificuldades de amamentação. Gostaria de dizer assim: nós não nascemos sabendo ser mãe e muito menos amamentar, mas podemos aprender muito entre nós. Podemos fazer elos de ligação com amor, para as mães que não tiveram o mesmo apoio que eu tive. Tanto da família, como de profissionais e eu posso aprender ainda mais. Afinal, não pensem que essa é uma experiência acabada. Cada dia é um novo dia, uma nova vivência e um novo caminho. Eu me contento em saber o suficiente pra hoje. E saber ainda que meu filho vai me perdoar pelas minhas imperfeições. Ser mãe é isso, estar de peito aberto a favor da vida.
02/02/2011