Vítima de uma sessão de espaçamento que foi registrada em vídeo e divulgada nas redes sociais, desde a madrugada do dia 18 de setembro do ano passado o jovem, de 18 anos, agredido por um grupo de “bad boys” após uma festa open bar na Vila Jacy, ainda se recupera do trauma.
 
Por medo da reação de amigos do principal acusado, Jhonny Celestino Holsback Belluzzo, 20 anos, que responde em liberdade enquanto tramita o processo e até teria tentado subornar o rapaz para que ele retirasse a queixa de tentativa de homicídio, o jovem cogita mudar de cidade, conforme explica o advogado do rapaz, Laércio Arruda Guilhem.
 
O próximo passo, segundo a defesa, é entrar com um novo processo pedindo uma reparação por danos morais e matérias para o jovem. “Essa nova ação tem uma espécie de efeito punitivo pedagógico contra essa rapaz, que já era conhecido entre colegas como agressivo e que costumava se meter em brigas nas festas que frequentava”, comenta o advogado.
 
Ainda segundo Laércio, a reparação material também é motivada pelo fato de que a vítima perdeu um celular durante a sessão de agressões. A polícia não aponta Jhonny como quem teria roubado o aparelho, mas em conversa entre ele e a vitima, quatro dias após a filmagem, o jovem oferece um outro modelo de celular ao rapaz.
 
“Ou... o que você acha de um Moto X”, diz a mensagem enviada por Jhonny ao garoto, no dia 22 de setembro, depois que ele se negou a retirar a queixa de tentativa de homicídio contra o acusado, conforme consta no inquérito. “Nas entrelinhas, ele adotou essa estratégia dando a entender que daria este celular para o rapaz, caso ele fosse até a polícia retirar a queixa de tentativa de homicídio para amenizar a pena”, completa.
 
Quanto ao estado da vítima, Laércio adianta que o jovem ainda passa por tratamento psicológico devido à violência das agressões e repercussão após a divulgação do vídeo.
 
“Fisicamente ele está bem, mas psicologicamente ainda está muito abalado. Conta que às vezes acorda durante a noite se lembrando do que aconteceu. Está recluso em casa desde o ocorrido, com medo de que seja agredido novamente pelo Jhonny ou os amigos dele”, completa.
 
O jovem, que este ano deve ingressar em uma faculdade, também planeja se mudar para o interior de São Paulo. “Não sei em qual a cidade, mas é onde ele tem alguns familiares. Ele conversou com os pais e cogita essa possibilidade, já que ele teme pela segurança e pela perda de liberdade desde a divulgação do vídeo”, conclui o advogado.
 
Acusação - A defesa de Jhonny nega que o rapaz tenha tentado algum tipo de suborno. De acordo com o advogado Ronnye Mattos, quem defendo o autor, o celular teria sido apenas danificado e a oferta, seria uma forma de tentar ressarci-lo do prejuízo. 
 
“Como durante a briga o celular foi quebrado o Jhonny, depois de ter conversado com o rapaz e pedido desculpas pelas agressões, comprou outro celular para ele. Mas basicamente para repará-lo pelo dano e não numa tentativa de fazer ele retirar o registro”, comenta o magistrado.
 
"Não há lógica nessa alegação, até mesmo porque a investigação sobre o caso já estava sendo feita antes mesmo do rapaz prestar queixa. Quem primeiro foi ouvido e se prontificou na resolução do caso, foi o Jhonny", acrescenta. 
 
Agressões – O vídeo que registrou a sessão de espancamento foi feito na madrugada do dia 18 de setembro, mas o boletim de ocorrência só foi registrado seis dias depois. O fato ocorreu durante uma festa open bar nas proximidades da Avenida Bandeirantes, na Vila Jacy, depois que a vítima de 18 anos urinou no veículo de Jhonny enquanto ele ainda estava na festa.
 
Um amigo do rapaz o avisou por celular quem tinha urinado em seu carro, um veículo Fiat Pálio, e para onde ele e os seus amigos tinham seguido. Jhonny e Alessandro Ronaldo Mosca Júnior, 21 anos – que também responde por tentativa de homicídio – e outros amigos então foram até a casa onde estaria o rapaz.
 
Ao chegar ao endereço, a vítima tentou fugir, foi contida pelos agressores e espancado brutalmente. Jhonny e Alessandro aparecem nas imagens espancando a vítima, que, mesmo caída no chão, é agredida a chutes, socos e pontapés.
 
A briga foi filmada e as imagens divulgadas via Facebook e WhatsApp. O caso chegou à polícia dois dias depois das agressões, foi investigado sobre a responsabilidade do delegado Fabiano Nagata, da 1ª DP (Delegacia de Polícia) e o inquérito apresentado ao Ministério Público no dia 01 de dezembro de 2016.
 
Tanto Jhonny quanto o amigo respondem em liberdade sobre a acusação de tentativa de homicídio, enquanto tramita o processo na justiça.

Fonte: Campo Grande News


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